Há uma espécie de pobreza espiritual na riqueza

que a torna semelhante à mais negra miséria.

Eurípedes



 
 








 


 
 








 



 
 








 


 
 








 



Se queremos o desenvolvimento espiritual,

a prática da paciência é essencial.

Dalai Lama


 
 








 


 
 








 

Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado.

Platão


 
 








 


 
 








 

CONHECENDO AS PERSONALIDADES

Allan Kardec

Allan Kardec (1804-1869) foi um importante propagador (codificador) da doutrina espírita. Foi educador, escritor e tradutor francês. A doutrina espírita de Kardec se propagou em vários países, notadamente no Brasil.

Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte-Léon Denizard Rivail, nasceu em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804. Filho do juiz Jean-Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Buhamel, descendentes de antigas famílias católicas de Lyon, foi criado no protestantismo.

Kardec iniciou seus estudos em sua cidade natal e desde jovem mostrou inclinação para o estudo das ciências e da filosofia. Foi levado para o famoso Instituto de Educação Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, onde estudou até formar-se pedagogo em 1824. Após retornar para Lyon, e dominando vários idiomas, entre eles o alemão, o inglês, o holandês, o italiano e o espanhol, traduziu para o alemão, diversas obras didáticas de educação.

Em 1828, junto com sua esposa Amélie Gabrielle Boudet, fundou um grande estabelecimento de ensino e passou a lecionar. Em 1830, alugou uma casa na Rua de Sèvres, onde oferecia palestras e cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia etc. Tornou-se membro de várias sociedades eruditas, entre elas a Academia Real de Arras, que, em 1831 lhe concedeu o Prêmio de Honra por um ensaio intitulado "Qual é o Sistema de Estudo Mais em Harmonia com as Necessidades da Época?" Publicou diversas obras educativas.

Image

 O Espiritismo

Durante vários anos, Allan Kardec foi secretário da Sociedade de Frenologia de Paris e participou ativamente dos trabalhos da Society of Magnetism, dedicando-se à investigação do sonambulismo, do transe, da clarividência e de vários outros fenômenos.

A partir de 1852, Allan Kardec iniciou suas experiências com o mundo da espiritualidade, numa época em que a Europa despertava a atenção para os fenômenos conhecidos como “espíritas”.

Allan Kardec investigou fenômenos espirituais registrados nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Tomou conhecimento das “mesas girantes” e da "escrita mediúnica", fenômeno que mais tarde testemunharia, e passou a se comunicar com os espíritos.

Um dos espíritos, conhecido como “espírito familiar”, passou a orientar seu trabalho espiritual e teria revelado que já o conhecia do tempo dos druidas, na região da Gália, com o nome de Allan Kardec.

A partir de então, ele abriu mão de sua identidade das atividades profissionais para tornar-se Allan Kardec, nome que teria origem em encarnações anteriores.

O espiritismo conquistou notável expansão no Brasil, onde também ganhou o nome de kardecismo. Seu órgão mais representativo é a Federação Espírita Brasileira. Chico Xavier (1910-2002) foi um dos mais importantes expoentes do Espiritismo no Brasil.

Às 22h30 de 17 de setembro de 1865, apenas oito anos depois da fundação oficial do espiritismo na França, foi realizada em Salvador a primeira sessão da doutrina no Brasil, liderada por um jornalista, Luís Olímpio Teles de Menezes. No mesmo ano, surgiu o primeiro centro do país.

Em pouco tempo, a visão científica, filosófica e religiosa de Allan Kardec se transformaria em uma religião tipicamente brasileira, divulgada por intelectuais nas nossas maiores cidades. Anos antes de ganhar as massas com Chico Xavier, os seguidores de Kardec já tinham uma nova capital, nos trópicos.

O trabalho iniciado por Kardec tem mais de 13 milhões de seguidores no mundo. A maioria, cerca de 3,8 milhões, está no Brasil. Nossos espíritas têm os melhores indicadores socioeducacionais dentre os fiéis de todas as religiões praticadas no país — 31,5% deles têm nível superior completo, segundo o IBGE.

Mesas que giram

Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lyon em 3 de outubro de 1804 e encontrou sua vocação na Suíça. O pai, o juiz católico Jean-Baptiste-Antoine Rivail, e a mãe, a dona de casa Jeanne Duhamel, enviaram o menino Hippolyte, de apenas 10 anos, para estudar no Instituto de Yverdon, no castelo de Zahringenem, fundado e mantido pelo pedagogo Johan Heinrich Pestalozzi.

Na volta, instalou-se em Paris em 1820 e, quatro anos depois, começou a dar aulas. Lecionava matemática, física, química, astronomia, anatomia e francês.

O professor convivia com problemas financeiros recorrentes. A partir da década de 1830, passou a reforçar a renda escrevendo gramáticas e aritméticas — e até mesmo uma peça, chamada Uma Paixão de Salão, levada aos palcos em 1843.

Também começou a usar os conhecimentos de matemática para administrar a contabilidade de pequenas companhias, como o teatro Les Folies Marigny, nos Champs-Élysées. Ali eram realizados espetáculos muito em voga em meados do século 19 — com uma mistura de magnetismo e experiências elétricas e mecânicas.

Rivail assistia a alguns desses shows com prazer. Ele acompanhava com euforia a evolução das ciências, que pareciam prontas para explicar definitivamente o funcionamento do mundo, da vida e do além.

Em 1834, em um de seus artigos defendendo as aulas de ciências para crianças, ele registrou: “Aquele que houver estudado as ciências rirá, então, da credulidade supersticiosa dos ignorantes. Não mais crerá em espectros e fantasmas. Não mais aceitará fogos-fátuos por espíritos”.

Image


Quando as mesas rodantes ficaram famosas na França, na década de 1850, o pedagogo tinha uma explicação pronta para o fenômeno.

Curioso sobre os mistérios da hipnose, do sonambulismo, do magnetismo e da eletricidade, ele dizia que os corpos reunidos geravam uma força eletromagnética extraordinariamente forte, capaz de movimentar objetos. Quando conheceu o fenômeno pessoalmente, em uma terça-feira de maio de 1855, percebeu que a explicação não era tão simples.

O Livro dos Espíritos

Em 1857, com o pseudônimo de Allan Kardec, ele publicou O Livro dos Espíritos, onde expôs uma nova teoria da vida e do destino humano. O livro obteve rápido sucesso de vendas.

Logo após a publicação do livro, Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, da qual foi presidente até a sua morte. Posteriormente, associações semelhantes foram criadas em todo o mundo.

Em 1860, lançou uma edição revisada do O Livro dos Espíritos, que se tornou o livro reconhecido da filosofia espírita da França. A partir de então, Allan Kardec dedicou-se a estabelecer as bases da Codificação da Doutrina Espírita, nos aspectos filosófico, científico e religioso.

Kardec fundou e dirigiu a Revista Espírita, dedicada à defesa dos pontos de vista expostos no Livro dos Espíritos.

Allan Kardec faleceu em Paris, França, no dia 31 de março de 1869, vitima de um aneurisma. Seus restos mortais foram enterrados no Cemitério do Père-Lachaise, Paris.

 

Obras de Allan Kardec

  • O Livro dos Espíritos, Parte Filosófica (1857)
  • Revista Espírita (1858)
  • O Livro dos Médiuns, Parte Experimental e Científica (1861)
  • O Evangelho Segundo o Espiritismo, Parte Moral (1864)
  • O Céu e o Inferno, A justiça de Deus Segundo o Espiritismo (1865)
  • A Gênese, os Milagres e as Predições (1868)
Image


Obras do Professor Hippolyte

  • Plano Proposto para Melhorias da Instrução Pública (1828)
  • Curso Prático e Teórico de Aritmética (1824)
  • Gramática Francesa Clássica (1831)
  • Catecismo Gramatical da Língua Francesa (1848)
  • Ditados Especiais Sobre as Dificuldades Ortográficas (1849)

Místicos x Cientistas

Na Europa, venceram os partidários da tese de que os estudos do professor tinham caráter científico. Eles tinham bons motivos para isso. “Kardec foi um dos pioneiros a propor uma investigação científica, racional e baseada em fatos observáveis, das experiências espirituais.

Desenvolveu todo um programa de investigação dessas experiências, ao qual deu o nome de Espiritismo”, afirma Alexander Moreira-Almeida, professor da Escola de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da UFJF. “A proposta mais ousada de Kardec foi a de naturalizar a dimensão espiritual, tornando-a, assim, passível de investigação científica.”

“Hoje, entre os europeus, o kardecismo é visto como pseudorreligião. Na virada do século 20, fazia todo o sentido acreditar que os conceitos dele seriam incorporados às pesquisas do meio acadêmico”, afirma o historiador John Monroe, professor da Universidade de Iowa.

O fundador não deixou um sucessor definido — ele previa que o espiritismo fosse conduzido por um grupo com comandantes seguindo mandatos curtos. Sua morte acabou por lançar o espiritismo num debate ferrenho: ciência ou religião?

O Brasil viu a mesma divisão, e, num primeiro momento, parecia que o mesmo lado seria vencedor. Um dos mais importantes líderes do espiritismo do Brasil, o jornalista e professor italiano Afonso Angeli Torteroli, liderava os científicos e organizou o 1º Congresso Espírita Brasileiro, em 1881, no Rio de Janeiro.

Foi lá que intelectuais defenderam a nova linha de pensamento — pessoas respeitáveis a ponto de terem sido recebidas pelo imperador dom Pedro II em 28 de agosto de 1881. Mas, bem de acordo com o pensamento progressista da época, os espíritas eram, em geral, republicanos e abolicionistas.

Mas foi o aspecto religioso do espiritismo que venceu. E por dois motivos. Em primeiro lugar, o lado religioso funcionava melhor para uma população ligada a um cristianismo que, em geral, convivia tranquilamente com curandeiros, benzedeiros e cartomantes.

“A preocupação científica e filosófica não tem o mesmo appeal para nós como tem o lado religioso-ritualístico: tomar um passe, livrando-se das energias ruins se apresentaria como mais conveniente do que adotar uma doutrina complexas e cheia de princípios”, afirma o professor de sociologia da Universidade de Brasília Paulo César da Conceição Fernandes, em uma tese de mestrado sobre as origens da religião no Brasil.

Image


Em segundo lugar, o mais importante líder entre os espíritas depois de Allan Kardec e antes de Chico Xavier, o ex-deputado Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, concordava com os místicos. Mas teve também o talento de não dispensar os científicos. A Federação Espírita do Brasil, criada em 1884 pelo fotógrafo português Augusto Elias da Silva, seria presidida duas vezes pelo doutor Bezerra e estimulou a publicação de livros e textos de cunho acadêmico.

“O espiritismo oferece uma orientação para a prática da mediunidade, recomendando que ela seja praticada quando contribuir para o bem e para a educação espiritual do homem”, afirma Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira.

Nomes famosos da literatura nacional aderiram rápido. Os poetas Castro Alves e Augusto dos Anjos, de um lado, se aproximaram da nova religião. Já José de Alencar e Machado de Assis a atacavam — mas só depois de se darem ao trabalho de conhecê-la. Augusto dos Anjos foi o mais empolgado: em sua cidade, Engenho do Pau D’Arco, Paraíba, ele conduzia sessões, recebia espíritos e psicografava. Quando Chico Xavier nasceu, em 1910, o hábito de receber romances do além já era disseminado e se tornaria uma das marcas da nova religião, que, para muitos, já tinha muito pouco a ver com o que Kardec havia imaginado. 

Telefone

(27) 99971-4129

E-mail

contato@geae-es.org.br

Endereço

Avenida Muriaé, 34, Barramares
Vila Velha, ES, CEP 29124-395